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Desempenho no Teste de Raven: Diferenças entre Crianças-Adolescentes com Transtorno do Espectro Autista e com Dificuldades de Leitura

12/11/2019

Nos transtornos do neurodesenvolvimento, inteligência fluída e habilidades visuoespaciais são dois construtos considerados relevantes para a sua compreensão. Alguns desses transtornos são o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e os transtornos de leitura (DL). Para o primeiro, os dois construtos têm se mostrado uma potencialidade nos casos diagnosticados apesar dos poucos instrumentos conseguirem capta-la. Por sua vez, nos DL, comumente há inteligência similar à média da população com desenvolvimento típico, mas habilidades visuoespaciais deficitárias. Assim, o estudo utilizou o Teste de Matrizes Progressivas de Raven (MPCR) para mensurar raciocínio lógica, percepção visual e habilidades visuoespaciais, que são funções correlatas à inteligência fluída as habilidades visuoespaciais. O objetivo, portanto, foi comparar o desempenho de crianças com TEA e crianças com DL com crianças com desenvolvimento típico (DT). A principal hipótese é das crianças com TEA apresentarem desempenho superior aos demais grupos devido ao estilo cognitivo de perceber melhor as partes/fragmentos em detrimento do todo ao processar informações.

 

Highlights

  • Participaram do estudo 70 crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos, sendo 16 participantes com TEA, 19 com DL e 35 DT;
  • Crianças com TEA obtiveram melhores performances que os demais grupos apenas em uma das partes do MPCR (parte A), que exige menor processamento visuoespacial;
  • Crianças com DL alcançaram desempenhos inferiores ao grupo TEA e DT;
  • As funções executivas deficitárias no TEA podem explicar o desempenho mais modesto que a população DT nas demais partes componentes das MPCR, pois as partes Ab e B exigem resolução de problemas complexos, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho;
  • O desempenho menor do grupo DL pode ser explicado pela menor habilidade e hábito de leitura, visto que a proficiência em leitura tem sido melhor preditor de desempenho cognitivo que escolaridade, independentemente do nível socioeconômico;
  • Apesar de limitações, as autoras afirmam que as partes A e B do teste MPCR podem discriminar autismo e dificuldades de leitura.

 

Referência:

Sbicigo, J. B., Bosa, C. A., Bandeira, D. R., Salles, J. F. D., & Teixeira, M. C. T. V. (2019). Desempenho no teste de raven: diferenças entre crianças-adolescentes com transtorno do espectro autista e com dificuldades de leitura. Avaliação psicológica. São Paulo. Vol. 18, n. 2 (abr./jun 2019), p. 192-200.

Acessar em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712019000200011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt