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Instrumentos para Avaliação de Interesses Profissionais

14/07/2011

Por Fernanda Ottati

Instrumentos para avaliar interesses profissionais: SDS e EAP

A denominada área de Orientação Profissional (OP) ou Orientação Vocacional é um importante campo de trabalho para diversos profissionais e, especialmente para os psicólogos, pois dispomos de um diferencial, que é a possibilidade de utilização de instrumentos de avaliação psicológica.

Até pouco tempo atrás, as opções de instrumentos psicológicos desenvolvidos especialmente para uso em OP eram mínimas. Atualmente, a situação está mais promissora, já dispomos de cinco testes com evidências de validade e fidedignidade, padronizados e normatizados para - parte da - população brasileira, com parecer favorável pelo SATEPSI. Nesta seção, foram escolhidos dois instrumentos de avaliação dos interesses profissionais para serem apresentados, quais sejam, Escala de Aconselhamento Profissional (EAP) e Questionário de Busca Autodirigida (SDS).

Escala de Aconselhamento Profissional (EAP)

A EAP foi desenvolvida por Ana Paula Porto Noronha, Fermino Fernandes Sisto e Acácia Aparecida Angeli dos Santos e publicada pela Vetor Editora Psicopedagógica em 2007. Essa ferramenta tem como objetivo avaliar as preferências por atividades profissionais caracterizando-se como um instrumento de autorrelato e pressupõe que profissões são escolhidas em razão das preferências que as pessoas possuem por algumas características das ocupações. Foi construída a partir de concepções teóricas abrangentes, como a do psicólogo estadunidense Mark L. Savickas, que entende as preferências profissionais como uma tendência para a satisfação de necessidades e valores pessoais. Savickas é um importante pesquisador da área de orientação e aconselhamento vocacional e suas concepções são tidas como das mais atuais.

A escala é composta por 61 itens que representam várias possibilidades profissionais, sendo que as respostas podem variar de frequentemente a nunca, de acordo com o interesse do avaliando em desenvolver cada atividade. Esses itens estão distribuídos em sete dimensões: Ciências Exatas, Artes e Comunicação, Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Agrárias e Ambientais, Atividades Burocráticas, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Entretenimento.

A escala é destinada a pessoas com idades entre 17 e 73 anos e o tempo médio de aplicação é de 20 minutos, sendo que pode ser individual ou em grupo. A correção é realizada por meio de crivos, que indicam a pontuação em cada dimensão, indicando, assim, em que áreas estão os maiores e menores interesses do avaliando. Destaca-se que é possível que algumas preferências estejam presentes em ocupações distintas, já que uma única atividade não é capaz de determinar a ocupação a ser seguida.

Questionário de Busca Autodirigida (SDS)

O SDS foi desenvolvido nos Estados Unidos por John Holland e A. B. Powell em 1994, com base na Teoria Tipólogica de Holland. A adaptação, padronização, validação e normatização para a população brasileira foi desenvolvida pelos pesquisadores Ricardo Primi, Camélia Murgo Mansão, Monalisa Muniz e Maiana Nunes, e publicada em 2010 pela Editora Casa do Psicólogo.

A Teoria Tipológica foi proposta por Holland em 1959, porém ela se mantém atual por meio de estudos realizados desde então, sendo que o SDS é um dos instrumentos mais conhecidos, pesquisados e utilizados mundialmente. A premissa principal é a de que os interesses profissionais são reflexos da personalidade do indivíduo. O instrumento se propõe a avaliar seis tipos de interesses profissionais denominados: Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional, sendo conhecidos pela abreviação RIASEC.

O SDS possui 212 itens com possibilidade de reposta sim ou não, divididos em quatro seções, que avaliam o interesse por atividades profissionais, as competências que a pessoa acha que tem ou que pode vir a desenvolver, as carreiras profissionais que gostaria de seguir e uma autoavaliação das habilidades. É um instrumento autoaplicável e a correção pode ser realizada pelo próprio respondente. A partir da correção, um código de duas letras, entre as seis disponíveis, é evidenciado, representando os tipos de interesses mais destacados no avaliando. O instrumento é destinado a pessoas com idades entre 13 e 68 anos, podendo ser aplicado individualmente ou em grupo e com tempo médio de 30 minutos.

Conclusão

As diferenças de perspectivas teóricas entre os instrumentos mostram o quanto as avaliações devem ser planejadas e ter um objetivo claro. Por um lado, o SDS proporciona uma visão mais integrada do avaliando, pois tem a perspectiva de que os interesses profissionais são reflexos da personalidade e, além disso, pode ser utilizado em adolescentes a partir dos 13 anos, um diferencial, pois poucos são os instrumentos que abrangem esta idade. Por outro lado, a EAP evidencia áreas de interesses, sem fazer esta relação com outros aspectos e possibilita a aplicação em adolescentes com um pouco mais de idade, 17 anos. Ressalta-se que ambos são instrumentos úteis, cabe ao profissional identificar qual deles se enquadra aos objetivos da avaliação que pretende realizar.
 

Temos bons instrumentos a nossa disposição, mas que muitas vezes não chegam ao conhecimento da maioria dos profissionais do Brasil, por isto esperamos que esta breve apresentação possa gerar curiosidade e interesse dos psicólogos. Para obter mais informações sobre os testes, entre em contato com as editoras: www.vetoreditora.com.br e www.casadopsicologo.com.br.